domingo, 3 de junho de 2012

Piaget


Piaget desenvolveu um modelo teórico explicativo do desenvolvimento moral baseado no respeito e compreensão das regras. As investigações de Piaget permitiram-lhe concluir que existem diferenças quanto ao respeito às regras em crianças de idades diferentes, distinguindo-se as fases de heteronomia e autonomia moral.

·      Heteronomia moral (Realismo moral): Decorre dos 4/5 anos até aos 8/9 anos. Nesta fase, a criança sabe que as regras provêm de uma identidade superior (adultos, policias, deus, etc.) e sabe também que estas são absolutas, fixas e imutáveis. A criança julga uma ação (boa ou má) com base na sua consequência, não tendo em consideração a intenção do autor da ação, ou seja, a moralidade é determinada pelas consequências materiais. A criança tende a considerar que, sempre que alguém é punido, esse alguém deve ter feito algo de errado, assumindo uma conexão absoluta entre o castigo e o erro. Para uma criança de seis anos, se um menino deixar cair um gelado num lago, ele é culpado por ter sido ‘desastrado’ e não deve ter outro gelado. Piaget percebeu que uma criança pequena é incapaz de pensar em todas as circunstâncias atenuantes (não consegue pensar em todas as possibilidades), mas que um adolescente já consegue fazer julgamentos de uma forma justa e íntegra, sendo capaz de pensar em várias possibilidades e alternativas.

·      Autonomia moral (relativismo moral): Decorre a partir dos 8/9 anos. Esta fase é a fase da moral da colaboração e da reciprocidade. Piaget constatou que, por volta de 10 anos, a criança passa a perceber a regra como o resultado de livre decisão, podendo ser modificada, e como digna de respeito, desde que mutuamente consentido. Baseia-se no respeito mútuo e não no respeito unilateral.


Piaget mostra a distinção entre juízos “realistas” (centrados no resultado em sim mesmo) e dos juízos “subjetivos”, de nível mais elaborado, que têm já em conta a intenção subjacente. Piaget concluiu que crianças diferentes adquiriram versões diferentes das regras e, ao brincarem juntas, essas discrepâncias tornar-se-ão evidentes e terão de ser resolvidas. De acordo com Piaget, este contacto com pontos de vistas divergentes constituía um elemento crucial para o desenvolvimento da moralidade autónoma de reciprocidade.

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