domingo, 3 de junho de 2012

Desenvolvimento ao longo da infância e da adolescência

Desenvolvimento pessoal

Antes de Freud, pensava-se que as crianças eram criaturas sem mente, ou seja, incapazes de organizar a suas estruturas mentais e que tinham mais semelhanças com os animais do que com os seres humanos.


Desenvolvimento emocional na infância segundo a perspetiva de Freud

Para Freud o objeto de estudo era o inconsciente e, como tal, ele tentava explicar e compreender os comportamentos observáveis através da análise de fenómenos psíquicos (do inconsciente). Freud dizia que “O consciente é apenas a ponta do iceberg”, ou seja aquilo que se vê e que podemos analisar, dado que manifestamos de forma voluntária. No entanto, não é o único fator da mente humana. Existe também o pré-inconsciente (na imagem do iceberg é representada superfície do oceano), e o inconsciente (porção maior do iceberg), que apesar de escondida e de não se manifestar voluntariamente, irá ser considerado o fator principal. Freud conclui que os nossos impulsos, desejos, força, etc., ou seja, os nossos fatores inconscientes, influenciam o nosso comportamento e as nossas ações.

Freud defendia que alguns acontecimentos passados e que já não são recordados na atualidade podem influenciar o desenvolvimento e comportamento de um individuo (por exemplo na sexualidade).

O Homem pré-Freudiano era considerado como um ser racional (lógico), que controlava os seus impulsos e ações através da vontade, ou seja, negava-se a existência do inconsciente. A teoria de Freud defendia que consciente era diferente de psíquico e que era o inconsciente (impulsos, desejos, vontade, entre outras) e não a razão que dominava o Homem. Segundo esta teoria, o Homem procura o prazer, mas receia-o, por ser socialmente incorreto, e, por isso, adota uma atitude recessiva em toda a sua vida.

Freud idealizou duas teorias, que explicariam a composição do psiquismo humano:

1ª Teoria- consciente, pré-consciente e inconsciente:

Na 1ª teoria Freud iguala o psiquismo humano a um iceberg, sendo que tal como no homem, apenas uma parte emerge à superfície. 

1.    A parte emersa do iceberg corresponde ao consciente, ou seja, à zona da razão, raciocínio, lógica, organizações mentais. Nesta zona estão incluídos todos os pensamentos e ações que o Homem é capaz de lembrar, realizar e controlar voluntariamente. Ao contrário do inconsciente, o ser humano consegue controlar o consciente, de acordo com as suas necessidades. O sistema consciente recebe a informação através das exaltações provenientes do exterior, registando essa informação de acordo com oi prazer ou desprazer que ela causa. A perceção, pensamento, juízo crítico, evocação, antecipação, atividade motora, etc. -, processam-se no sistema consciente, embora este funcione intimamente relacionado com o sistema inconsciente. O sistema consciente pode ser analisado através de métodos de introspeção, ou seja, analisando aquilo que se passa na nossa mente e dos acontecimentos conscientes.

2.    O pré- consciente constitui uma zona de transição entre o consciente e o inconsciente, sendo que no iceberg constitui a zona flutuante de passagem entre a parte visível e a oculta. Refere-se à parte das memórias, dos registos e arquivo, que podem ser recuperados com uma certa facilidade. Tem como principal função impedir os impulsos e ações que são socialmente incorretos, recorrendo ao recalcamento (censura). Este processo é muito importante pois funciona como um filtro para os impulsos e comportamentos.

3.    O inconsciente é a parte submersa do iceberg, onde se encontram os desejos, as vontades, os medos, as censuras, etc.. Os desejos e impulsos que tentem aflorar ao consciente serão reprimidos, no entanto, é importante salientar que o inconsciente não significa a ausência do consciente.

2ª Teoria- ego, superego e id:

A estrutura da personalidade, que antes era diferenciada em inconsciente, pré-consciente e consciente, foi substituída pela estrutura do id (forças biológicas, instintivas da personalidade), ego (princípio da realidade) e o superego (forças repressivas da sociedade). O Id, Ego e o Superego são as estruturas essenciais da personalidade, estabelecendo entre si uma relação conflituosa à qual se deve o dinamismo da vida psíquica. Assim, na 2ª teoria estamos perante uma visão mais completa e descritiva entre as instâncias psíquicas.

1.    Ego: segundo esta teoria, o ego começa a desenvolver-se por volta dos 6 meses, pois é nesta fase que a criança começa a ter contacto com as privações e censuras do mundo exterior. O ego surge do confronto entre o id e o mundo real, revelando-se quais os impulsos que devem ser controlados e quais os desejos que podem ser satisfeitos. Esta estrutura psíquica baseia-se no inconsciente e forma-se a partir do id, sendo o mediador entre os impulsos e os comportamentos e ações observáveis. (superego e id), ou seja entre o meio e os impulsos. É racional e lógico, tendo a noção daquilo que pode ou não ser feito e mostrado de acordo com as circunstâncias, vai aprendendo que nem tudo é possível (realismo). Em suma, representa os aspetos racionais e razoáveis da nossa personalidade, ajudando-nos a adaptar a um mundo desafiante.

EXEMPLO: Necessidade a satisfazer: a fome.

Imaginemos uma situação em que estamos esfomeados, queremos comer, mas não temos como pagar.

O ego dir-nos-ia “Se for possível comer sem pagar, fá-lo”, ou seja, “podes comer sem pagar desde que ninguém repare; caso contrário, faz o que é realmente aconselhável”.

2.    O superego é o “julgador” entre as nossas ações e pensamentos. Esta estrutura psíquica desenvolve-se aos 3/5 anos aproximadamente, quando os pais começam a ensinar às crianças algumas regras e deveres que devem ser respeitados na vida em sociedade, recorrendo a recompensas e repreendas de acordo com as ações da criança. Por volt dos 7 anos este controlo que é feito a partir do exterior, já acontece de uma forma espontânea e automática.

O superego inclui o ego ideal (a imagem perfeita do que somos e do que podemos ser) e a nossa consciência (as regras de bons e maus pensamentos e comportamento). O superego representa a moral, isto é, aquilo que devemos ou não fazer.

EXEMPLO: Necessidade a satisfazer: a fome

Imaginemos uma situação em que estamos esfomeados, queremos comer, mas não temos como pagar.

O superego dir-nos-ia ”para satisfazer a fome, deves pagar”, ou seja, “deves agir corretamente, não por medo de castigos e punições, mas porque assim é que deve ser”. Roubar é sempre um crime seja visto ou não.

Quando o superego não concorda com uma ideia do id, reprime-a. Segundo o moderador (ego) entre o id e o superego, se a ideia for boa o ego deixa passar para o superego, senão fica censurada.

3.    Id: representa os instintos e impulsos, desenvolvidos à nascença, rege-se pelo princípio do prazer e tem como principal função responder e satisfazer os desejos e instintos. Grande parte dos desejos nele contidos é de natureza sexual e agressiva. Tenta satisfazer os desejos e instintos de modo a evitar a dor e obter prazer, desligando-se da realidade e das normas e deveres que devem ser cumpridos. Id é o reservatório da libido (energia das pulsões sexuais) e é completamente irrealista, não distinguindo o que é desejável do que é possível e distinguir o que é certo ou errado. Não atua segundo princípios lógicos e morais, procurando a satisfação imediata sem valorizar as circunstâncias da vida real. Nasce com a criança, sendo a única motivação do bebé nos primeiros meses de vida, o que significa que a energia psíquica deriva apenas de tendências instintivas de natureza biológica, cujo único objetivo é a satisfação imediata na busca exclusiva do prazer.

EXEMPLO: Necessidade a satisfazer: a fome

Imaginemos uma situação em que estamos esfomeados, queremos comer, mas não temos como pagar. O Id diria “come porque tens de comer”, sem pensar em possíveis punições nem se é correto ou incorreto agir assim.

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