Desenvolvimento pessoal
Antes
de Freud, pensava-se que as crianças eram criaturas sem mente, ou seja,
incapazes de organizar a suas estruturas mentais e que tinham mais semelhanças
com os animais do que com os seres humanos.
Desenvolvimento
emocional na infância segundo a perspetiva de Freud
Para
Freud o objeto de estudo era o inconsciente e, como tal, ele tentava explicar e
compreender os comportamentos observáveis através da análise de fenómenos
psíquicos (do inconsciente). Freud dizia que “O consciente é apenas a ponta do
iceberg”, ou seja aquilo que se vê e que podemos analisar, dado que
manifestamos de forma voluntária. No entanto, não é o único fator da mente
humana. Existe também o pré-inconsciente (na imagem do iceberg é representada
superfície do oceano), e o inconsciente (porção maior do iceberg), que apesar
de escondida e de não se manifestar voluntariamente, irá ser considerado o
fator principal. Freud conclui que os nossos impulsos, desejos, força, etc., ou
seja, os nossos fatores inconscientes, influenciam o nosso comportamento e as
nossas ações.
Freud
defendia que alguns acontecimentos passados e que já não são recordados na
atualidade podem influenciar o desenvolvimento e comportamento de um individuo
(por exemplo na sexualidade).
O
Homem pré-Freudiano era considerado como um ser racional (lógico), que
controlava os seus impulsos e ações através da vontade, ou seja, negava-se a
existência do inconsciente. A teoria de Freud defendia que consciente era
diferente de psíquico e que era o inconsciente (impulsos, desejos, vontade,
entre outras) e não a razão que dominava o Homem. Segundo esta teoria, o Homem
procura o prazer, mas receia-o, por ser socialmente incorreto, e, por isso,
adota uma atitude recessiva em toda a sua vida.
Freud
idealizou duas teorias, que explicariam a composição do psiquismo humano:
1ª
Teoria- consciente, pré-consciente e inconsciente:
Na
1ª teoria Freud iguala o psiquismo humano a um iceberg, sendo que tal como no
homem, apenas uma parte emerge à superfície.
1.
A parte emersa do iceberg corresponde
ao consciente, ou seja, à zona da razão, raciocínio, lógica, organizações
mentais. Nesta zona estão incluídos todos os pensamentos e ações que o Homem é
capaz de lembrar, realizar e controlar voluntariamente. Ao contrário do
inconsciente, o ser humano consegue controlar o consciente, de acordo com as
suas necessidades. O sistema consciente recebe a informação através das
exaltações provenientes do exterior, registando essa informação de acordo com
oi prazer ou desprazer que ela causa. A perceção, pensamento, juízo crítico,
evocação, antecipação, atividade motora, etc. -, processam-se no sistema
consciente, embora este funcione intimamente relacionado com o sistema
inconsciente. O sistema consciente pode ser analisado através de métodos de
introspeção, ou seja, analisando aquilo que se passa na nossa mente e dos
acontecimentos conscientes.
2.
O pré- consciente constitui uma zona
de transição entre o consciente e o inconsciente, sendo que no iceberg
constitui a zona flutuante de passagem entre a parte visível e a oculta.
Refere-se à parte das memórias, dos registos e arquivo, que podem ser
recuperados com uma certa facilidade. Tem como principal função impedir os
impulsos e ações que são socialmente incorretos, recorrendo ao recalcamento
(censura). Este processo é muito importante pois funciona como um filtro para
os impulsos e comportamentos.
3.
O
inconsciente é a parte submersa do iceberg, onde se encontram os desejos, as
vontades, os medos, as censuras, etc.. Os desejos e impulsos que tentem aflorar
ao consciente serão reprimidos, no entanto, é importante salientar que o
inconsciente não significa a ausência do consciente.
2ª
Teoria- ego, superego e id:
A
estrutura da personalidade, que antes era diferenciada em inconsciente,
pré-consciente e consciente, foi substituída pela estrutura do id (forças
biológicas, instintivas da personalidade), ego (princípio da realidade) e o
superego (forças repressivas da sociedade). O Id, Ego e o Superego são as
estruturas essenciais da personalidade, estabelecendo entre si uma relação
conflituosa à qual se deve o dinamismo da vida psíquica. Assim, na 2ª teoria
estamos perante uma visão mais completa e descritiva entre as instâncias
psíquicas.
1.
Ego: segundo esta teoria, o ego começa
a desenvolver-se por volta dos 6 meses, pois é nesta fase que a criança começa
a ter contacto com as privações e censuras do mundo exterior. O ego surge do
confronto entre o id e o mundo real, revelando-se quais os impulsos que devem
ser controlados e quais os desejos que podem ser satisfeitos. Esta estrutura
psíquica baseia-se no inconsciente e forma-se a partir do id, sendo o mediador
entre os impulsos e os comportamentos e ações observáveis. (superego e id), ou
seja entre o meio e os impulsos. É racional e lógico, tendo a noção daquilo que
pode ou não ser feito e mostrado de acordo com as circunstâncias, vai
aprendendo que nem tudo é possível (realismo). Em suma, representa os aspetos
racionais e razoáveis da nossa personalidade, ajudando-nos a adaptar a um mundo
desafiante.
EXEMPLO:
Necessidade a satisfazer: a fome.
Imaginemos
uma situação em que estamos esfomeados, queremos comer, mas não temos como
pagar.
O
ego dir-nos-ia “Se for possível comer sem pagar, fá-lo”, ou seja, “podes comer
sem pagar desde que ninguém repare; caso contrário, faz o que é realmente
aconselhável”.
2.
O superego é o “julgador” entre as
nossas ações e pensamentos. Esta estrutura psíquica desenvolve-se aos 3/5 anos
aproximadamente, quando os pais começam a ensinar às crianças algumas regras e
deveres que devem ser respeitados na vida em sociedade, recorrendo a
recompensas e repreendas de acordo com as ações da criança. Por volt dos 7 anos
este controlo que é feito a partir do exterior, já acontece de uma forma
espontânea e automática.
O
superego inclui o ego ideal (a imagem perfeita do que somos e do que podemos
ser) e a nossa consciência (as regras de bons e maus pensamentos e
comportamento). O superego representa a moral, isto é, aquilo que devemos ou
não fazer.
EXEMPLO:
Necessidade a satisfazer: a fome
Imaginemos
uma situação em que estamos esfomeados, queremos comer, mas não temos como
pagar.
O
superego dir-nos-ia ”para satisfazer a fome, deves pagar”, ou seja, “deves agir
corretamente, não por medo de castigos e punições, mas porque assim é que deve
ser”. Roubar é sempre um crime seja visto ou não.
Quando
o superego não concorda com uma ideia do id, reprime-a. Segundo o moderador
(ego) entre o id e o superego, se a ideia for boa o ego deixa passar para o
superego, senão fica censurada.
3.
Id: representa os instintos e
impulsos, desenvolvidos à nascença, rege-se pelo princípio do prazer e tem como
principal função responder e satisfazer os desejos e instintos. Grande parte dos
desejos nele contidos é de natureza sexual e agressiva. Tenta satisfazer os
desejos e instintos de modo a evitar a dor e obter prazer, desligando-se da
realidade e das normas e deveres que devem ser cumpridos. Id é o reservatório
da libido (energia das pulsões sexuais) e é completamente irrealista, não
distinguindo o que é desejável do que é possível e distinguir o que é certo ou
errado. Não atua segundo princípios lógicos e morais, procurando a satisfação
imediata sem valorizar as circunstâncias da vida real. Nasce com a criança,
sendo a única motivação do bebé nos primeiros meses de vida, o que significa
que a energia psíquica deriva apenas de tendências instintivas de natureza
biológica, cujo único objetivo é a satisfação imediata na busca exclusiva do
prazer.
EXEMPLO:
Necessidade a satisfazer: a fome
Imaginemos
uma situação em que estamos esfomeados, queremos comer, mas não temos como
pagar. O Id diria “come porque tens de comer”, sem pensar em possíveis punições
nem se é correto ou incorreto agir assim.
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