Freud
organizou o desenvolvimento da personalidade em estádios, durante estes
estádios as crianças obtêm prazer através da estimulação de zonas erógenas
(zonas que quando estimuladas dão prazer). Cada estádio é caracterizado pela
sua zona erógena. Existem as fases oral, anal, fálica, latente e genital.
1.
Estádio oral: este estádio vai desde o
nascimento até cerca dos 18 meses/ 2 anos, sendo que a zona de prazer e
gratificação está centrada na boca (sugar, comer, provar). As primeiras
sensações de prazer que a criança experimenta são a de sugar o leite materno,
comer e provar alimentos. Neste período começa a formar-se a personalidade,
sendo que, segundo Freud uma fixação nesta fase pode levar a comportamentos
exagerados relacionados com a satisfação oral, como beijar, beber, comer. Uma
boa resolução neste período permite aumentar a confiança e independência da
criança.
Em suma:
·
A zona erógena do bebé, nos primeiros
meses é constituída pelos lábios e cavidade bucal.
·
Neste período são particularmente
importantes as perceções visuais e auditivas.
·
A alimentação é uma grande fonte de
satisfação.
·
Chupar o seio materno é para os
freudianos a primeira atividade sexual.
·
Nesta altura a relação entre o bebé e
a mãe, vai ter reflexos na vida futura.
·
É neste estádio que o ego se forma.
2.
Estádio anal: este período vai dos 18
meses/2anos até aos 4 anos. Nesta fase o bebé começa a desenvolver o controlo
dos músculos relacionados com a defecação e, por isso, a pressão que é exercida
nos músculos do esfíncter anal provoca uma sensação de prazer, sendo agradável
para o bebé. Assim sendo, a zona erógena desta fase é constituída pela região
anal, sendo que é geralmente nesta fase que a criança começa a aprender novos
hábitos de higiene. Como tal, se as crianças se sentirem demasiado pressionadas
começaram a reter as fezes ou a expulsa-las em momentos inoportunos, sendo, por
isso, nesta fase que a criança começa a desenvolver os conceito decerto e
errado e como se refere na segunda teoria, inicia-se o desenvolvimento da
consciência- superego. Uma educação muito rígida ou muito tolerante pode
originar 2 tipos de personalidade:
- Retentivo-anal: Se o indivíduo foi
educado com excessivo rigor, ele poderá tornar-se uma pessoa extremamente
meticulosa e supersensível, sempre perseguida pelo sentimento de culpa.
- Expulsivo-anal: Se, por outro lado, não
houve qualquer restrição ao seu comportamento nesse período, ele pode se tornar
um tipo humano desorganizado e com tendências absolutistas prejudiciais a si
mesmo e à sociedade. É, por isso, necessário ter uma atitude equilibrada para
que a criança se desenvolva normalmente.
Em
suma:
·
Neste estádio a zona erógena é a
região anal.
·
Há uma sexualidade autoerótica.
·
A maturação e o desenvolvimento
psicomotor vão permitir à criança reter ou expulsar as fezes e a urina.
·
O controlo da defecação gera
simultaneamente sentimentos de prazer e dor - ambivalência.
·
Este período etário corresponde a uma
fase em que a criança é mais autónoma, procurando afirmar-se e realizar as suas
vontades.
·
Faz-se a educação para a higiene.
·
Há um reforço do superego.
3.
Estádio fálico: este estádio inicia-se
a partir dos 3 anos e termina por volta dos 5/6 anos. A partir dos 4 anos, a
zona erógena passa a ser a zona genital, sendo esta uma idade de exibicionismo,
pois é nesta fase que a criança descobre que há diferenças entre os órgãos
genitais femininos e masculinos e obtém prazer tocando nas zonas genitais. Se
as crianças sentem que é vergonhoso a estimulação das zonas erógenas, podem
ficar com medo da castração (rapazes) ou com inveja do pénis (raparigas), o que
poderá trazer consequências nos relacionamentos sexuais. Nesta fase aparece o
complexo de Édipo (para os rapazes), que se deve ao facto de o rapaz nutrir uma
atração especial pela mãe, ao mesmo tempo que desenvolve uma agressividade
competitiva em relação ao pai (para o rapaz, o pai é um rival que gostaria de
afastar ou de ver desaparecer), embora imite o pai na tentativa de conquistar a
mãe, desenvolvendo assim características de masculinidade.
Aparece
também o complexo de Electra (para as raparigas), que é semelhante ao complexo
de Édipo, mas em relação ao pai. Estes sentimentos de atração pelo sexo oposto
e a simultânea vontade de eliminar a pessoa do sexo oposto, permite à criança
experimentar sensações de ódio e amor. Para as crianças esta era a primeira
experiencia de amor heterossexual. Primeiro a criança tenta excluir o pai do
sexo oposto, mas ao longo do tempo consegue aperceber-se das semelhanças entre
ambos (por ex. entre a filha e a mãe) e começa a construir o seu conceito de
masculinidade (no caso dos rapazes) ou de feminilidade (no caso das raparigas).
Quando estes complexos não são bem resolvidos, quer por ser dada demasiada ou
pouca atenção, pode haver uma fixação nesta fase podendo provocar comportamento
bipolares na personalidade como orgulho-humildade; sedução-retraimento;
promiscuidade-castidade.
Em suma:
·
Neste estádio a zona erógena é a
região genital e o órgão sexual é a fonte de prazer, sendo comum a sua
manipulação.
·
As crianças estão interessadas nas
diferenças anatómicas entre os sexos, às interações homem e mulher, tem
brincadeiras que exploram essa interação (aos pais e às mães). Tem
comportamentos exibicionistas e gostam de espreitar.
·
Complexo de Édipo, onde o rapaz
desenvolve uma atração pela mãe e vê o pai como um rival.
· A formação de um conceito do ‘eu’, facilitado
pela aquisição da linguagem articulada;
· A definição da identidade sexual do indivíduo,
através da qual ele aprende a comportar-se de acordo com as expectativas da
sociedade;
· A aquisição de sua consciência moral, que vai
além da simples limitação do comportamento do mundo adulto e que é capaz de
levar o indivíduo a se sentir culpado em face da violação das regras de conduta
do seu meio social;
· O desenvolvimento dos padrões de agressão, que
resulta de vários fatores, dentre os quais se salientam a severa punição
física, identificação com o agressor e a frustração;
· As
motivações básicas do sentido de competência e a necessidade de realização,
ambas muito dependentes das condições do meio e da fundamental importância
param o desenvolvimento adequado do ser humano.
4. Estádio de latência: ocorre entre os 5/6 anos
cerca dos 11 anos e, que representa o período de maturação dos órgãos genitais.
Neste estádio não existem quase desejos sexuais, o que se deve à amnesia
infantil, que é um processo pelo qual a criança reprime no inconsciente as
experiências fortes do estádio fálico. A criança passa agora a ter uma maior
curiosidade intelectual do que sexual, sendo que o aparelho psíquico
constituído pelo id, ego e superego está totalmente organizado e a
personalidade está praticamente desenvolvida.
Em
suma:
· Após
a vivência dos complexos e com um superego já formado a criança entra numa fase
da latência, ou seja, entra numa aparente atenuação da atividade sexual.
· Ocorre
a amnésia infantil.
· A criança investe a sua energia nas atividades
escolares, sociais e culturais
5. Estádio genital: este estádio refere-se à
puberdade e adolescência, sendo uma nova fase de sexualidade, o que se explica
pela produção de hormonas sexuais e o desenvolvimento dos órgãos sexuais.
Repetem-se, então, os períodos anteriores, bem como os problemas e conflitos
que lhe estão associados. Revive-se novamente o complexo de Édipo e de Electra,
havendo um novo amor heterossexual, mas agora este amor é canalizado para
alguém que se encontra fora do seio familiar. Os jovens tentam satisfazer os
impulsos da libido através de práticas sexuais de natureza genital. Neste
período não há fixação, pois é o ultimo período de desenvolvimento
psicossexual.
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