domingo, 3 de junho de 2012

JEAN PIAGET

Piaget formulou uma teoria sob a forma como as crianças adquirem os conceitos, admitindo que as crianças aprendiam um conceito, considerando-o como um elemento separado do meio. Piaget referia também que para a compreensão de certos conceitos era necessário que já estivessem formadas estruturas cognitivas.

Segundo Piaget, a inteligência antecede o pensamento, sendo que se desenvolve por etapas (estádios) que impõem a adaptação ao meio.

As estruturas mentais (do pensamento) resultam de uma construção contínua por parte do sujeito, que se encontra em constante interação com o meio.

Os estádios representam as diferentes fases do desenvolvimento intelectual de um individuo. Piaget demonstra que o desenvolvimento das estruturas de pensamento da criança se realiza por estádios caracterizados pelo aparecimento de novas estruturas, representando formas de equilíbrio cada vez mais estáveis. O conceito de estádio implica geralmente a integração progressiva de estruturas cognitivas.

Piaget distinguiu 4 grandes estados do desenvolvimento intelectual:

Sensório-motor: Vai do nascimento até aos 2 anos; o conhecimento do mundo é feito através dos sentidos; o bebé adquire o conhecimento através das suas próprias ações que são controladas por informações sensoriais (ex. puxar a toalha para ficar mais perto do pacote de bolachas); Representa o período que antecede a linguagem.

Pensamento pré-operatório: Vai dos 2 até aos 6 anos de idade; aparecimento da linguagem; a criança utiliza números, objetos, símbolos, palavras para demonstrar a sua perceção do mundo.

Pensamento operatório-concreto: Vai dos 7 aos 12 anos de idade; Fase de operações lógicas e experiencias que se centram no aqui e agora; Aparecimento da capacidade de interiorização das ações (ex. verificar que um copo esta mais cheio que outro comparando-os através de uma ação mental, sem necessidade de medições).

Pensamento operatório- formal: Vai dos 12 anos em diante; a criança consegue ter um pensamento abstrato e imaginar situações hipotéticas; Aparecimento do raciocínio dedutivo.

Estádio sensório-motor

Este período caracteriza-se como o período de adaptação do bebé ao mundo exterior. Nesta fase predomina o desenvolvimento dos movimentos e da perceção, sendo que é através deles que a criança procura compreender o mundo. Este estádio denomina-se sensório-motor porque a criança tenta perceber o mundo que a rodeia através das suas próprias ações. Neste período a criança começa a a aperceber-se que existe de uma forma independente dos outros objetos, ou seja, que os outros objetos à sua volta existem de uma forma separada e contínua.

Durante esta fase o bebé desenvolve competências fundamentais para o seu desenvolvimento futuro. Por ex. se pusermos um objeto em frente de um bebé e depois o taparmos com um lenço o bebé não irá tentar alcançá-lo pois pensa que desapareceu. No final deste período o bebé desenvolverá competências que lhe permitem perceber que o objeto é permanente, mesmo que este seja escondido em sítios diferentes.

Inteligência Sensorial + Inteligência Motora = Inteligência Prática

·         A exploração manual e visual do ambiente;

·         A experiência obtida com ações, a imitação;

·         A inteligência prática (através de ações);

·         Ações como agarrar, sugar, atirar bater e chutar;

·         A coordenação das acções proporciona o surgimento do pensamento;

·         A centralização no próprio corpo;

·         A noção de permanência do objeto.

Período pré-operatório

Durante este segundo estádio a criança aprende a representar os abjetos através de palavras e a formar palavras mentalmente. Nesta fase dá-se o aparecimento da função simbólica, que consiste na capacidade de criar símbolos para representar objetos e percebe-los mentalmente. O fator mais importante desta fase é o aparecimento da linguagem. Neste período desenvolve-se a linguagem, as imagens mentais e os jogos simbólicos e, consequentemente, as habilidades percetuais e motoras (por ex. a criança ao desenhar um circulo vai dizer que é um carro). Enquanto no período anterior o pensamento e raciocínio da criança são limitados a objetos e acontecimentos imediatamente presentes e diretamente percebidos, no período pré-operatório, ao contrário, a criança começa a usar símbolos mentais - imagens ou palavras que representam objetos que não estão presentes.

Dois sub-estádios:

      Pensamento pré concetual (2-4 anos)

·         Animismo: a criança dá vida aos objetos que a rodeia, por isso o seu pensamento não tem um caráter lógico. Este animismo vai desaparecendo progressivamente. Ex. Desenha o sol com uma cara.

·         Realismo: a criança dá corpo, materializa as suas fantasias. Ex. Se sonhou que o lobo está no corredor, pode ter medo de sair do quarto.

·         Finalismo: nada acontece por acaso, tudo tem uma explicação. Ex. As nuvens movem-se para tapar o sol.

·         Artificialismo: os fenómenos naturais são explicados como se fossem produzidos por seres humanos. Ex: Quem pintou o céu?

·         Egocentrismo: a criança é incapaz de compreender as coisas por outro ponto de vista sem ser o seu. Ex.: a noite vem quando é para eu ir para a cama

·         Pensamento intuitivo (4-6/7 anos)

·         Irreversibilidade: a criança não consegue reverter o raciocínio realizado anteriormente. Ex: - Tens um irmão?

§  - Tenho.

§  - Como se chama?

§  - João.

§  - O João tem um irmão?

§  - Não

·         Dificuldades de transformação: a criança não é capaz de perceber os processos que impliquem mudança, pois o seu pensamento é estático, ou seja, centra-se naquilo que se passa no presente.

·         Centralização: Para responder a criança apenas considera um aspeto de cada vez, aquele que lhe parece ser o mais importante., não conseguindo centrar-se nas várias características da situação.

·         Não conservação: a criança não consegue perceber que a quantidade pode permanecer embora o objeto mude a sua forma ou aparência.

Estádio das operações concretas

Nesta fase o crescimento físico é mais lento. A criança torna-se mais independente do adulto e embora no início considerasse a opinião dos adultos, agora enfrenta-os. Para Piaget, é a partir desta fase que as crianças começam a ver o mundo com mais realismo, deixando de confundir a realidade com a fantasia. Dá-se o aparecimento do pensamento lógico, isto é, a criança é capaz de realizar operações mentais mais concretas, é capaz de reverter o se próprio raciocínio (reversibilidade), aparecimento do pensamento descentrado, ou seja, a criança é capaz de se focar nos múltiplos aspetos da situação noção de conservação, a criança ultrapassa o egocentrismo, aparecem os conceitos de espaço, tempo, número e lógica e as classificações e seriações.

Para Piaget os fatores de desenvolvimento eram:


Hereditariedade: por si só não é suficiente para explicar o desenvolvimento, apesar de o influenciar. A maturação está dependente da atividade de cada um e, por não atuar sozinha, a maturação interna é insignificante.

Experiência física: é o resultado de todas as experienciais físicas. O raciocínio da criança resulta da sua interação com os objetos. É necessária uma coordenação interna entre as várias ações que a criança exerce sob o objetos.

Transmissão social: está relacionada com a educação e é fundamental, mas não é suficiente.

Equilibração: é essencial para a criança se adaptar ao meio em que vive.

Assimilação, acomodação e equilibração

Assimilação

Na assimilação são incorporados os dados exteriores às organizações mentais do individuo. Por exemplo quando uma criança tem novas experiências (ouve ou vê alguma coisa nova) ela tenta adaptar esses novos estímulos às estruturas cognitivas que já possui. Isto significa que a criança terá de adaptar esses estímulos às suas organizações cognitivas, que já possuía até aquele momento.

Acomodação

Acontece quando a criança não consegue assimilar um novo estímulo, ou seja, não existe uma estrutura cognitiva que assimile a nova informação em função das particularidades desse novo estímulo. Dá-se uma transformação dos esquemas mentais do sujeito por influência da incorporação dos dados do meio.

Equilibração:

A autorregulação entre a assimilação e a acomodação permite a adaptação do individuo ao meio e assim desenvolver o seu pensamento de forma a ficar cada vez mais complexo.

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